segunda-feira, 21 de maio de 2012

Alunos surdos cantam, dançam e interpretam na aula de Arte


Trabalhar música, dança e teatro com alunos surdos ainda é raridade. Conheça três exemplos de professores que fazem isso com qualidade.

Camila Monroe (camila.monroe@abril.com.br). Colaborou Beatriz Vichessi, de Goiânia



TEATRO INCLUSIVO Na EM Severino Travi, alunos ouvintes e surdos exibem-se em palcos de festivais e outras escolas.



Há muito tempo, se fala em inclusão de crianças com deficiência nas escolas. Cenas como a da foto acima, porém, continuam sendo raras. Trata-se de um grupo de teatro escolar que mistura alunos deficientes auditivos com ouvintes. Na EM Severino Travi, em Canela, a 122 quilômetros de Porto Alegre, as atividades de Arte integram normalmente os surdos. A trupe teatral já participou de vários festivais, ganhou prêmios e sempre é muito aplaudida. Além disso, a garotada tem uma fanfarra - e todos concordam que o contato com as diferentes expressões artísticas ajuda a turma também nas outras disciplinas, sem falar na integração entre os alunos. A Severino Travi, no entanto, ainda é exceção.

Mas, ainda que o número de surdos matriculados em escolas regulares venha aumentando (só nos últimos dois anos, o crescimento foi de 21%, segundo o Censo Escolar), os próprios especialistas têm dificuldades em indicar boas experiências de ensino de Arte que incluam esse público específico. Para produzir esta reportagem, por exemplo, NOVA ESCOLA entrou em contato com todas as Secretarias estaduais de Educação e com dezenas de municipais. Nenhuma delas conhecia boas escolas para indicar.

Felizmente, há (sim) professores desenvolvendo bons trabalhos de Arte que incluem crianças e jovens que sofrem, em algum grau, com a deficiência auditiva. E, como acontece com as outras disciplinas, os resultados são sempre muito animadores. Os surdos estão mais habituados a gesticular e perceber emoções nos outros. Por isso, quando convocados a se expressar por meio de caras, bocas e movimentos do corpo, eles tiram de letra. "Para aproveitar melhor essa habilidade, é essencial explorar linguagens diferentes", diz Daniela Alonso, especialista em inclusão e selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10. "Para ficar no exemplo do teatro, é possível montar um espetáculo falado na Linguagem Brasileira de Sinais (libras), trabalhar com mímica ou mesmo criar personagens que não falam, mas interagem com os outros."

Basta lembrar que, antes de surgir a tecnologia que permitiu criar filmes falados, todo mundo entendia o cinema mudo. Nas artes visuais, a audição não costuma ser o sentido mais importante. E muita gente sabe que, para dançar, basta sentir a vibração da música (e não é preciso ouvir para sentir essa vibração). Nesta reportagem, você vai conhecer as histórias de três escolas que desenvolvem projetos de qualidade que incluem jovens surdos em atividades de teatro, dança e música. Afinal, como escreveu o russo Leon Tolstói (1828-1910), a Arte é mesmo "um dos meios que unem os homens".


domingo, 13 de maio de 2012

Homenagem ao Dia das Mães - Cas-Mossoró



Este vídeo foi apresentado na festa do Dia das Mães do Cas-Mossoró que foi realizada no 12/05/2012 para homenagear todas as mamães, especialmente as mães dos alunos do Cas.
Feliz Dia das Mães!


Tetramães


Como é a rotina de mulheres tetraplégicas que, contrariando tabus e preconceitos, optaram por alegrias e desafios da maternidade
Paula Rocha


Assim como muitas mulheres, a jornalista Flávia Cintra, 39 anos, tem uma agenda atribulada. Ela se divide entre dois empregos (é repórter do programa “Fantástico”, da Rede Globo, e também dá palestras em empresas), cuida da casa, arruma tempo para encontrar o namorado e ainda faz questão de buscar, todos os dias, os filhos gêmeos Mariana e Mateus, 5 anos, na escola. A rotina dessa paulistana típica pode ser considerada banal, exceto por um detalhe: Flávia é tetraplégica. Ferida gravemente em um acidente de carro em 1991, quando tinha 18 anos, a então jovem estudante perdeu os movimentos do pescoço para baixo por causa de uma lesão em sua coluna cervical. Após meses de fisioterapia, no entanto, acabou recuperando o domínio dos braços e hoje, apesar das limitações de locomoção, consegue levar uma vida muito ativa. “Lido com todos os desafios de uma mãe moderna. Ser cadeirante é apenas mais um”, diz Flávia.

A admirável história dessa tetramãe é contada no livro “Maria de Rodas – Delícias e Desafios na Maternidade de Mulheres Cadeirantes” (Editora Scortecci), que chega às livrarias nos próximos dias. Na obra, Flávia e outras mulheres com mobilidade reduzida contam como superaram tabus e preconceitos para realizar o desejo da maternidade. “É importante mostrar para as cadeirantes que é possível, sim, ser mãe”, diz Flávia, uma militante da causa. “Minha deficiência não interfere no meu papel de mãe, porque ser mãe não é uma condição física.” Separada, no dia a dia, Flávia acompanha as crianças em várias tarefas, e conta com a ajuda de duas assistentes em atividades que exigem mais mobilidade, como dar banho. Muitas pessoas, porém, perpetuam a errônea crença de que uma mulher tetraplégica não teria condições de criar uma criança. “Quando eu estava grávida, muita gente me olhava com espanto na rua, como se fosse um crime uma tetraplégica engravidar”, lembra Flávia.
Lido com todos os desafios de uma mãe moderna.
Ser cadeirante é apenas mais um"
Flávia Cintra, 39 anos, mãe dos gêmeos Mariana e Mateus, 5 anos

Essas reações de assombro e desaprovação são bem conhecidas da publicitária carioca Juliana Oliveira, 36 anos. Tetraplégica desde os 22, quando sofreu um acidente de carro, ela decidiu ser mãe há três anos e logo que parou com o anticoncepcional engravidou naturalmente de Isa, que hoje tem 2 anos de idade. “Ter minha filha foi tão bom que, assim que ela nasceu, eu e meu marido já pensávamos em ter outro filho”, diz Juliana. A segunda gestação veio em 2011, e trouxe ao mundo a pequena Lis, de 2 meses. Apesar da alegria pela dupla maternidade, Juliana teve que lidar com comentários desagradáveis de desconhecidos e até mesmo de familiares. “Tem gente que me chama de louca porque escolhi ser mãe duas vezes, mas isso nunca me abalou”, diz Juliana, que tem uma rotina tão repleta de afazeres quanto Flávia. Funcionária pública e apresentadora de um programa sobre inclusão na TV Brasil, ela ainda coordena a casa, cuida das crianças e gosta de frequentar bares e a praia. “Mas conto com a ajuda do marido e de uma funcionária, claro.”

Do ponto de vista médico, a gravidez de uma tetramãe não é muito diferente da de uma mulher sem deficiência. “Só é preciso ter cuidado extra com a circulação, porque elas têm mais chance de desenvolver trombose, e com a bexiga, para evitar infecções urinárias”, diz Miriam Waligora, obstetra do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Pelo fato de partos de gestantes tetraplégicas serem tão raros, porém, a maioria dos médicos não sabe como lidar com essas pacientes. Na sociedade o desconhecimento é ainda maior. “Existe um mito de que as pessoas com deficiência são assexuadas, como se a limitação motora representasse necessariamente uma disfunção sexual”, diz Ana Claudia Bortolozzi Maia, professora-doutora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e autora do livro “Inclusão e Sexualidade na Voz de Pessoas com Deficiência Física” (Editora Juruá). “O que a maioria da população não sabe é que os cadeirantes muitas vezes mantêm a sensibilidade e podem ter uma vida sexual plenamente satisfatória”, diz. No caso de Flávia e Juliana, além de desfrutar de uma rica vida amorosa e sexual, as duas optaram por aproveitar também as delícias da maternidade. “Antes de ser mãe, eu era viciada em trabalho. Hoje minha prioridade é a Mariana e o Mateus”, resume Flávia



quinta-feira, 10 de maio de 2012

Mulher que só mexe olhos e queixo defende doutorado na USP




Ana Amália defendeu tese sobre trabalho com crianças com paralisia. Ela ficou sem movimentos após ter um AVC há 10 anos.

Uma mulher que praticamente só mexe os olhos e a boca tornou-se nesta quarta-feira (9) doutora pela Universidade de São Paulo (USP). Ela produziu sua tese de doutorado em arte e educação utilizando apenas os olhos e pequenos movimentos do queixo – únicas formas pelas quais ela consegue se expressar.
Ana Amália perdeu os movimentos há dez anos. Ela se preparava para defender seu mestrado quando teve um acidente vascular cerebral (AVC) e perdeu quase todos os movimentos do corpo, ficou muda e impossibilitada de mastigar e engolir. Desde então, se comunica por meio de um programa de computador.
Para uma banca examinadora emocionada, Ana apresentou seu trabalho de três anos com crianças com paralisia cerebral. Ela levou um ano para escrever as 185 páginas da tese.
“Para mim, significa ela ter deixado de ser vítima para conduzir a própria vida. Isso é importantíssimo para os deficientes, não se conformarem em ser vítimas, não ter pena, mas potencializarem o que restou”, disse Ana Barbosa, mãe de Ana Amália.
A própria doutoranda brincou com a dificuldade em responder às perguntas da banca, e após três horas, teve sua tese aprovada.


terça-feira, 1 de maio de 2012



O Dia Mundial do Trabalho foi criado em 1889, por um Congresso Socialista realizado em Paris. A data foi escolhida em homenagem à greve geral, que aconteceu em 1º de maio de 1886, em Chicago, o principal centro industrial dos Estados Unidos naquela época. Milhares de trabalhadores foram às ruas para protestar contra as condições de trabalho desumanas a que eram submetidos e exigir a redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas diárias. Naquele dia, manifestações, passeatas, piquetes e discursos movimentaram a cidade. Mas a repressão ao movimento foi dura: houve prisões, feridos e até mesmo mortos nos confrontos entre os operários e a polícia. Em memória dos mártires de Chicago, das reivindicações operárias que nesta cidade se desenvolveram em 1886 e por tudo o que esse dia significou na luta dos trabalhadores pelos seus direitos, servindo de exemplo para o mundo todo, o dia 1º de maio foi instituído como o Dia Mundial do Trabalho.
          

          Fonte: IBGE / Ministério do Trabalho

Pessoas com Deficiências no Mercado de Trabalho



Grande parte da sociedade considera as pessoas com deficiência inaptas ao trabalho. O preconceito e a discriminação ainda estão fortemente presentes nos mais variados setores, talvez pela falta de conhecimento da sociedade de que esse cidadão tem direito à convivência não segregada e ao acesso aos recursos disponíveis aos demais cidadãos.
No entanto, a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho é um direito, independentemente do tipo de deficiência que apresente. Direito este garantido por leis, especialmente após a promulgação da Convenção 159, da Organização Internacional do Trabalho, de 1983. 
Segundo seu texto, “pessoas com deficiência devem desfrutar, com eqüidade, das oportunidades de acesso, conquista e desenvolvimento do seu trabalho, o qual, sempre que possível, deve corresponder à sua própria escolha e trazer qualidade de vida sustentável” (OIT, 1983).
A Constituição Brasileira de 1988 (BRASIL, 2003)  reafirmou a maioria dos textos internacionais sobre a questão, proibindo, inclusive, a discriminação de salários e de critérios de admissão. A promulgação da “Lei
de Cotas” (Lei 8.213/91) (BRASIL, 1991a), que garante reserva de vagas em empresas com 100 ou mais funcionários, também estimulou o mercado de  inclusivo, já que algumas empresas iniciaram parcerias com instituições que auxiliam na formação e na colocação de trabalhadores com deficiência no mercado. Além disso, as empresas começam a se conscientizar de
que os ganhos são muitos, e são, sobretudo, qualitativos.
A Convenção 159 da OIT, de 1983 (OIT, 1983), define pessoa com deficiência como aquela “cuja possibilidade de conseguir, permanecer e progredir no emprego é substancialmente limitada em decorrência de uma reconhecida desvantagem física ou mental”. A partir dessa referência, a OIT estima que as pessoas com deficiência representam 8% da população economicamente ativa do planeta. No Brasil, segundo o Instituto Ethos, mais de 9 milhões de pessoas com deficiência estão em idade de trabalhar – somente 11,1% deste total têm atividade remunerada e 2,2% têm carteira assinada (GIL, 2002).
A vantagem apontada como principal para as empresas que optam por contratar pessoas com deficiência é a melhoria da imagem institucional perante os consumidores. Na pesquisa Responsabilidade social das empresas – Percepção do consumidor brasileiro (GIL, 2002), realizada pelo Instituto Ethos em 2001, 43% dos entrevistados revelaram que a contratação de pessoas com deficiência está em primeiro lugar em sua motivação a comprar produtos das empresas. 
Dentre as empresas que se tornam inclusivas, é consenso que o espírito de equipe cresce, assim como a produtividade – pois, em geral, o desempenho das pessoas com deficiência supera as expectativas.
Um outro acréscimo estaria na conquista do mercado formado por pessoas com deficiência, seus parentes e amigos, pela proximidade entre o empregado e seu círculo pessoal. A valorização da diversidade, também através do trabalho de sensibilização dos demais funcionários, geralmente acarreta a potencialização de talentos muitas vezes homogeneizados pela rotina. Ou seja, ganham todos, como em uma verdadeira iniciativa inclusiva.
Entretanto, antes, são necessárias diversas medidas – pois, como a escola, a empresa também vivencia a passagem da fase integracional à fase inclusiva, demandando muitas adaptações e considerações a respeito. Entre estas iniciativas estão o combate ao preconceito e à desinformação de empregadores, empregados, parceiros e clientes, o acesso dos funcionários a experiências de convivência mais ampla com a diversidade sem locais ou trabalhos “especiais” para as pessoas com deficiência, além da profissionalização e educação dessas pessoas.

http://www.senac.br/doc-tecnicos/doctec4.pdf